Autoconhecimento: processo sem fim
Atualmente, muito se fala sobre autoconhecimento. As pessoas querem se descobrir e estão começando a aceitar a ideia de que sua subjetividade vai muito além do que aquilo que é exteriorizado.
Essa tendência é excelente e muito importante para a saúde mental do indivíduo, especialmente quando ele começa a distinguir o eu do não eu; o que lhe pertence e o que lhe foi imposto, mesmo que de forma passiva, pela sua cultura.
A cultura é essencial para o indivíduo por exercer um papel importante na formação de sua identidade pessoal. Porém, por vezes é também castradora, impedindo o sujeito de buscar novas possibilidades, que poderiam somar ao seu eu, ou apenas de procurar outras formas de enraizamento mais profundas através de identificações mais sólidas.
Essa ideia castradora de cultura se relaciona com um problema subjacente à tendência de autoconhecimento, afirmando que: ao se descobrir, o indivíduo encontrará todas as respostas para as perguntas da vida e que essas são definitivas. A raiz do problema está justamente na prática oposta daquilo que seria ideal dentro de um processo de autoconhecimento.
Se conhecer é um processo sem fim, pois enquanto estamos vivos permanecemos em constante mudança e nunca estaremos prontos ou concluídos. A única verdade inerente ao ser humano diz respeito a sua abertura e indeterminação.
É importante ter em mente que nunca somos, sempre estamos e que o meio externo também exerce influência sobre nós; que mudamos constantemente porque o mundo externo também é mutável e impedir o autodesenvolvimento ao adotar uma ideologia nova ou por permanecer com a antiga, não se caracteriza como evolução, mas apenas como a transferência de uma forma castradora para outra.