A dialética gênero

A questão do gênero iniciou sua jornada nos últimos anos com a evolução da

diversidade de papéis sociais. Enquanto o sexo se liga ao biológico e ao órgão sexual de nascimento, gênero representa uma complexa coletânea de direitos e deveres que servem de base para a construção da subjetividade particular de cada ser.

Os mais variados gêneros já existem há muito tempo. Sejam os gêneros descritos performáticos, hoje em dia com maior visibilidade nas Drag Queens, ou gêneros de origem cultural, como os hijras na Índia, a diversidade múltipla não deveria ser novidade para nenhum de nós. Nos dias atuais, a luta dessa população por espaço social se dá através da vinculação com movimentos pela diversidade, porém permanecem, muitas vezes, em segundo plano enquanto as questões de orientação sexual parecem tomar a frente.

A verdadeira questão, que ainda parece pertencer a um distante futuro, é como as definições de papéis sociais servem, atualmente, a uma estereotipação e unilateralidade do desenvolvimento pessoal, que poderia, em última instância, somente diminuir nossas ansiedades frente às possibilidades infinitas da humanidade. O conflito em si se dá entre o avanço em diversidade, com o aparecimento e evolução das questões dos gêneros, versus a necessidade ocidental de classificação em categorias que submetem as pessoas à restrições culturais e econômicas autoimpostas, ou seja, buscamos diversidade enquanto estamos tão presos no passado que não conseguimos superar a angústia da liberdade.

Se precisamos incentivar a liberdade através da possibilidade de outros gêneros ou de uma ruptura de classificações sociais, a questão deve ser decidida por cada um de nós. O emergente ainda é garantir os direitos humanos e fomentar a equalidade na sociedade, seja através do feminismo, da luta antirracista, do movimento LGBTQI+ ou, simplesmente, através do amor.